Tenho refletido muito sobre isso ultimamente.
Como vivemos, cada vez mais, nesse mundo do Ou. Ou sou a favor do Bolsonaro Ou sou petista. Ou defendo o saber acadêmico e científico e desqualifico todos os outros saberes, Ou descarto toda e qualquer ciência e digo mentiras e leviandades. Ou sou esposa, recatada e do lar, Ou sou feminista radical… tudo tão tão tão limitado….
Cada vez mais penso que precisamos trabalhar o E.
Se penso na dinâmica psíquica segundo Jung e no conceito de enantiodromia – segundo o qual para uma força exacerbada na consciência há uma força de mesma intensidade no sentido oposto na inconsciência – penso que o Ou é exatamente o exagero que gera esse funcionamento da psique entre extremos, excluindo todas as outras possibilidades.
Se penso ainda no conceito de SELF para Jung, uma força centralizadora e organizadora da psique, totalidade da psique, o si-mesmo que se é, a totalidade das possibilidades do Ser.
Penso mais ainda que precisamos trabalhar o E.
O saber científico, acadêmico e metodológico é extremamente importante para a soma dos saberes da humanidade. E todos os outros saberes, como a cultura, os conhecimentos ancestrais, regionais, saberes humanos que desde sempre foram transmitidos oralmente, de forma intuitiva e coletiva… também o são. Na mesmíssima medida.
Os gêneros são definidos socialmente. Claro. Mas negar que há influências biológicas, hormonais e arquetípicas ancestrais e anímicas que também contam nesse processo, a mim parece absurdo.
Mulheres E Homens E LGBTQIA+ E Crianças E Idosos. Ocidente E Oriente. Corpo E Alma E Matéria E Espírito E Tudo E Todos E…
Precisamos treinar o pensamento do novo tempo, da Era de Aquário, da ligação entre Tudo E Todos. E precisamos começar criando pontes. Es. Para podermos chegar num círculo de possibilidades que abarquem mais partes de nós E do Todo.
Sinto que é um movimento inevitável na história presente e futura da nossa sociedade neste planeta. Mas precisamos trabalhar muito nisso! E logo E sempre!
*Foto “Blue Books” by Hilma Af Klint no Museu Guggenheim em Nova York – Dez/18.