Acho que não preciso dizer que estamos vivendo tempos muito desafiadores, né? Individual e coletivamente parece haver um sentimento predominante de que o mundo como o conhecemos não existe mais; e, ao mesmo tempo, ainda não conseguimos visualizar como será esse ‘novo mundo’ que está tentando nascer. Se é que nascerá… com certeza alguém aí pensou, né? Já que parece não acabar a onda de ‘destruição’ no planeta! 🙁
Quando estudo astrologia ou filosofia, ou quando observo os processos profundos que tenho o privilégio de testemunhar no consultório, minha intuição vai, invariavelmente formando uma imagem, um movimento… É um processo louco e lindo ao mesmo tempo! E ainda que eu não tenha a menor pretensão de ‘adivinhar’ o que virá, sinto uma vontade danada de compartilhar essa visão, mesmo não sendo uma tarefa fácil, para, quem sabe, trazer alguma perspectiva para mais além do que a vida cotidiana de tantos horrores e dificuldades tem nos permitido alcançar…
O pano de fundo do que vou falar aqui está num movimento que começou lá no final de 2017 e se aprofundou muito ao longo de 2020 e 2021, ao mesmo tempo em que um novo processo também se iniciava no final de 2020 e dentro do qual essa Lua Nova em Peixes, de 02 de Março de 2022, em plena quarta-feira de cinzas, é uma parte importante e sobre a qual vou falar nesse post. Se você quiser entender melhor esse fio, pode ler a sequência de posts: 2020, o final de uma era; quem seremos depois de 2020?, feliz ano novo onde falo sobre a grande conjunção de 21/12/20, e, 2021, astrologicamente falando.
Desde a grande conjunção de Saturno e Júpiter no zero grau de Aquário, em 21/12/20 uma nova era começou a ser desenhada… e ainda que não pareça, uma vez que a história não se divide em períodos estanques mas é um continuum em que algo ainda está terminando enquanto outro algo está nascendo, uma nova era de mais humanidade, mais igualdade, menos hierarquia de poder e mais foco no coletivo do que no individual está sendo construída, passo-a-passo.
E essa Lua Nova em Peixes de amanhã, no dia em que se inicia o período da quaresma para o cristianismo, é um passo bem importante nesse processo e eu vou tentar explicar porque.
A quaresma, para algumas igrejas cristãs como a católica e a ortodoxa, por exemplo, mas não só, é o período de 40 dias entre a quarta-feira de cinzas e a Páscoa, em que se busca uma preparação para a ressureição. É um período de limpeza e de sacrifício para receber a benção do renascimento com Cristo.
Não sou ligada a nenhuma religião e minha intenção aqui é apenas traçar um paralelo simbólico já que quanto mais estudamos e observamos a vida e tudo que nela está envolto, mais temos a possibilidade de perceber que tudo se relaciona de forma mais íntima do que ‘sonha nossa vã filosofia’. 🙂
O período de 40 dias é muito simbólico na história humana e se repete exaustivamente, por onde se olhe: são 40 semanas para uma gestação à termo, Buda meditou por 40 dias até sua iluminação, Jesus jejuou por 40 dias no deserto, foram 40 dias de dilúvio, no Egito os faraós eram enterrados 40 dias após a sua morte, para Santo Agostinho o número 40 representava a perfeição…
Para Jung o 4 é uma representação da totalidade do Self, o si-mesmo que se é, o ser anímico. São 4 pontos cardeais, são 4 estações do ano, são 4 elementos que formam o mundo material que vivemos.. O ser humano é quádruplo em diferentes linhas de estudo/pensamento – é psico-somato-social-espiritual para a psicossomática de base junguiana, para Ken Wilber são 4 quadrantes que formam o homem integral, numa síntese dos conhecimentos herméticos, neopitagóricos, na teosofia ou antroposofia de Rudolf Steiner o homem tem 4 corpos (físico, vital, astral e mental)… enfim…eu poderia ficar aqui para sempre, mas acho que já deu para entender meu ponto simbólico né?
Então, voltando à Lua Nova em Peixes que abre essa quaresma de 2022… ela vai acontecer no grau 12 do signo, em conjunção à Júpiter, o que a torna muito especial, pois Júpiter é um dos regentes de Peixes e portanto está ‘feliz e forte’ na sua casa, é o maior planeta do sistema solar, aquele que expande o que toca, chamado o grande benéfico! Peixes é o signo da transcendência, da entrega e fé em algo maior que nós e o pequeno mundo que conseguimos enxergar.
Uma Lua Nova é sempre o momento de plantar as sementes que queremos ver crescer e ao longo dessa lunação pisciana, que vai até a Lua Nova em Áries, dia 01/04, teremos muitos eventos astrológicos importantes, mas apenas para citar alguns:
- Vênus, Marte e Plutão conjuntos em Capricórnio – pedindo uma transformação (morte e renascimento – Plutão) nas relações (Vênus e Marte, princípios feminino e masculino, yin, yang)
- Sol em conjunção à Júpiter – abre um ciclo de 12 anos em Peixes
- Vênus e Marte em conjunção no grau 0 de Aquário – mesmo grau da grande conjunção de 21/12/20 – abrindo um novo ciclo nas relações e que estejam mais alinhadas com os ideais aquarianos
- Ano novo astrológico de 2022 em 20/03, que fecha um longo ciclo de ‘morte’ do velho mundo e inaugura o primeiro ano da construção do novo – eu já falei disso no post 2021, astrologicamente falando e vou falar mais em outro post para o novo ano astrológico.
Agora, o mais incrível, na minha visão, é que essa quaresma 2022, que se inicia com a Lua Nova em Peixes amanhã, termina com o encontro entre Júpiter e Netuno em Peixes em 12/04. Esse encontro é uma marca muito especial do ano de 2022 e que também marca esse início da construção do ‘novo mundo’. Por quê? Porque Júpiter e Netuno são os dois regentes de Peixes, os planetas que representam a essência dos valores piscianos e que dão muita força para os processos de transcendência – transcender é ultrapassar e ascender – ou seja, superar uma visão de vida e mundo e dar um salto evolutivo nas nossas questões, sejam individuais ou coletivas.
E isso é o que está sendo pedido de nós nesse momento. Que possamos crescer. Amadurecer como humanidade. Que façamos o sacrifício – que significa sacro ofício ou o fazer sagrado! Ou seja, que deixemos um pouco de lado nossas questões pequenas, egóicas e infantis para fazer escolhas que nos levem, no longo prazo, a melhores lugares como coletivo.
A última vez que eles se encontraram em Peixes foi há 166 anos! E eles vão se encontrar no grau 23 de Peixes no final dessa quaresma! <3
Por isso o convite desse texto é que possamos escolher o nosso sacro ofício ao longo desses 40 dias de quaresma. Algo que de fato represente para nós essa escolha mais madura e consciente em busca de chegar na Páscoa transformados em algum ponto que acreditamos seja importante no nosso processo como seres. Não é uma questão de não comer carne, de não tomar álcool ou não fazer sexo. Claro que não! Esses são apenas símbolos. Cada um decide como quer focar sua energia de ‘fazer-sagrado’ nessa quaresma.
Eu, da minha parte, pretendo escolher como sacro-ofício, o cultivo à disciplina que me é algo muito difícil e que reconheço hoje como sendo passo fundamental no meu processo de autoconhecimento e busca, seja pessoal ou profissional. Fazer algo ou algumas coisas específicas TODOS OS DIAS por quarenta dias me é algo bastante desafiador.
Mas quando minha intuição fala alto eu já aprendi que preciso obedecer. E assim ela está falando sobre essa quaresma!
Pra você fica o convite. Ou apenas a informação! 😉
Como te disse vc me
Provocou a refletir sobre o Sacro-ofício pra mim nesses próximos 40
Dias. obrigada 🙏🏾 pelas reflexões querida!
Naime querida obrigada você por estar junta! Não tem ideia de como fico feliz por ter provocado a reflexão! 😉 beijo grande
Amei!! É simples, profundo e coerente… Faz tanto sentido que chega a ser assustador. Não dá pra ler e ficar inerte. Obrigada minha amiga! Posso dizer que esse “chamado” vale ouro!
Que delícia de comentário Claudinha!! Saber que faz sentido para mais alguém é o que me alimenta, querida! Muito obrigada por estar aqui e me deixar saber seu sentimento! <3 <3 <3