De repente me deu muita vontade de escrever essa história. Talvez para dividir. Talvez para ampliar ainda um tico a consciência. Nesse ponto. Nesse aspecto da minha sombra.
Que desde 2018 – mas sempre na minha vida, claro! – entrei num túnel muito escuro ao encontro. Não voluntariamente. Mas à chamado do Self, que na minha vida se apresentou com muita, mas muita clareza mesmo, em diferentes momentos da vida, como nesse. E eu segui.
Eu enxerguei a mulher sedutora no meu inconsciente. E tive um encontro duríssimo com ela. Duríssimo mesmo. Não a enxergava da maneira em que a enxerguei nos últimos 3 anos. Jamais.
Mas vamos voltar um pouco atrás para entender melhor esse encontro. Depois de quase morrer depois de nascer pois eu não mamava, história que contei no post ‘freud e eu’ eu fui uma menina magrinha. Padrão. A partir dos 10, 11 anos eu comecei a engordar ‘sem explicação’ aparente… hummm sei… na mesma época, ou um pouco depois, eu desenvolvi uma alergia de pele horrorosa. Muito feia mesmo. Daquelas que quando atacava inchava minha boca, meus olhos, eu tinha bolotas por todo meu corpo que coçavam enlouquecidamente… era um horror… atacava não me lembro com que frequência, mas bem frequente… minha mãe, graças a Deus me levou para um tratamento homeopático com a Cristina 💛. Para terem uma idéia eu tratei com a Cris até meus 21/22 anos, últimas manifestações da alergia que me lembro… hoje vejo que não por acaso, pois termina ali a adolescência, o cérebro está formado. A Persona está firmada pelos próximos anos….
Well, todo sintoma na pele (e nos pulmões também), segundo a psicossomática são desequilíbrios nas relações, manifestados como sintomas nos órgãos de troca – pele e pulmão.
A partir daí uma guerra entre mim e meu corpo se estabeleceu. Fiz minha primeira séria dieta quando tinha 14 para 15 anos, com nutricionista e tudo. Emagreci pacas. Engordei em seguida. E assim foi minha vida inteira. Não sou obesa. Ora 6 quilos a mais, ora a menos. Mas a guerra e os altos e baixos dessa relação e tudo que envolve o corpo, expor, vestir and so on… foi uma constante na minha vida.
Ao mesmo tempo em que caminhava em relações afetivamente complexas e doloridas, mas cheias de paixão e sexo, sempre algo fundamental nessas relações… Profundas e transformadoras relações. Tive algumas relações importantes, sempre por alguns anos. E, claro, também algum sexo por ai quando foi o momento da vida para isso.
Mas em 2018 vivi uma história bem lokaaa, que envolveu muitas coisas (mesmo) e que eu ainda vou contar com mais detalhes um dia, que me fez entrar no túnel do qual me parece estou saindo nesse momento da minha vida…. e lá, no meio dele, estava ela, a minha sedutora.
Não que eu nunca a tivesse visto, claro que sim, mas não, não dessa maneira, não para já ter sido possível chamá-la assim. Foi numa sessão de terapia há menos de 1 ano em que ela foi nomeada pelo meu terapeuta da seguinte maneira, quando eu contava uma parte da história de 2018 ‘mas você também tem uma sedutora em você né?’. E eu fiquei muda por alguns instantes e disse ‘eu?? 😳 well, não de maneira consciente, mas vou olhar para isso’.
A partir dai foram tantos, tantos, tantos insights e encontros com ela! Em sonhos, outras sessões, conversas com amigas… e todos os outros breves encontros me foram voltando como um dominó em velocidade máxima… quando, por exemplo, li o livro da Jean Shinoda Bolen, As Mulheres e as Deusas, e parecia que o arquétipo de afrodite tinha sido escrito para mim… e eu chorei muito…. ou quando fui assediada, aos 8 ou 9 anos à caminho da aula de balé e minha mãe, sempre estressada, não deu muita atenção… mas pouco depois deixei de ir – e eu amavaaaa – ou aos 18 numa situação que ainda não consigo contar… ou numa imagem que não me sai da cabeça, eu devia ter pouco mais de 3 anos e estava sentada no colo de um amigo do meu pai na sala da minha casa da João Penteado… talvez brincando de cavalinho na coxa dele… manja essa brincadeira que fazíamos? ou ainda fazemos com as crianças não sei… ou quando lembro de uma sessão de terapia em que eu disse para minha terapeuta após um ‘break-up’ importante e triste para mim… numa sessão com muitas lágrimas… ‘eles me desejam desesperadamente mas eles não me amam, se não eles ficavam’.. e ela.. ‘eu não acho que eles não te amam, ao contrário, eu acho que eles não dão conta de você’. E eu chorava…
Enquanto eu gastava toda minha energia sustentando a persona da gordinha, fora do padrão e porco-espinho, eu não tinha a menor energia psiquíca disponível para ver a sexy, a mulher que tem um forte poder de sedução e atração. Claro, ‘a afrodite em mim’ só me trouxe sofrimento, acreditou um dia a menina que eu fui. ‘Se eu deixar esse aspecto completamente reprimido não vai mais doer’, ela pensou… e claro que trouxe MUITO sofrimento… se menos ou mais nunca vamos saber porque a vida não tem se…
Mas essa mulher conseguiu finalmente trazer para a consciência e fazer bom uso dela ao invés de continuar deixando-a na sombra e deixando-a sair no mundo da pior maneira possível… seja projetada em desafetos, seja deixando cadáveres no caminho, seduzidos sem consciência… Porque, de verdade, é isso que acontece com todos nós… quando estou achando que estou sendo ‘santa’, estou sendo ‘mais puta do que santa’, mas não estou vendo… (vou contar isso melhor no meu livro!)
Anyway, contando assim parece bem mais fácil do que foi. Não foi. Foram muitos momentos em que coisas bem mais darks do estou contando aqui aconteceram, vieram em sonho e doeram pacas!!! O encontro com a sombra nunca é confortável, ao contrário, na minha experiência, chega à beira do insuportável…
Mas depois, ou seja agora quando conto para vocês, (‘pois toda tempestade sempre traz consigo a bonança’ né?) me sinto uma nova Ana, como céu claro depois da tempestade. Mais livre, com muito mais energia disponível, amando mais (a si mesma e a todos por consequência), pois um tiquinho mais próxima do Self; eu verdadeiro que sinto que sou.
É assim para todos também, quando empreendemos com coragem esse encontro – porque gente são MUITOS aspectos da sombra que vamos desvendando, na melhor das hipóteses ao longo da vida, ok? – o que vem depois é um novo eu, completamente novo mesmo. E aiiii gente, como é bom esse momento da vida. Simplesmente porque como se diz desde o tempo dos romanos ‘fortune favors the brave’.
Não se iludam, como não me iludo, de que outros encontros com ela virão. Sinto virem. Mas estar podendo ‘make acquantancies com ela’ nesse momento da minha vida está lindo. Celebremos cada pequena ou grande conquista no desvendar dos mistérios da consciência.
Me identifiquei tanto com esse texto.
Oi Carla querida que bom! Muito obrigada por me deixar saber! <3 Não foi fácil escrever e deixar publicado... mas saber que fez sentido para alguém deixa meu coração quentinho! um beijo grande pra vc