Alguém me fez essa pergunta recentemente.
Sim, sem dúvida cada um que senta na minha frente me traz a pergunta: Onde isso toca em mim, se é que toca? Eu só consigo caminhar num processo terapêutico com alguém se o que toca o outro, toca em mim!
Essa foi a minha resposta.
A cada questão que conversamos estou com um ouvido no processo do outro e um no meu próprio. Não acho que as pessoas chegam ao seu consultório por acaso; não chegam no meu. 🙂 Não são raras as vezes que escrevo no meu “caderno de sonhos” algum comentário a respeito do que ouvi ou falei na sessão. E isso é maravilhoso!
Assim vou fazendo terapia junto, consciente do que é meu e do que é do outro. Não são poucas as vezes que dou exemplos de processos meus para clarear uma questão ou abrir uma perspectiva nova naquele assunto.
Também não é raro que eu me emocione na sessão. Sim, às vezes eu choro junto. Não tem como não. Claro que não estou falando de me desmantelar quando o outro está desmanchando. Mas chorar junto sim, sentir profundamente junto. Na primeira conversa, quando falo um pouco sobre mim e o meu trabalho, eu já aviso… assim não tem susto depois! 🙂
Para mim, ser terapeuta é isso: “Para exercer este trabalho não se requeria necessariamente que fosse médico, nem psicólogo com formação universitária, pois o conhecimento de si se adquire em primeiro lugar na experiência da vida, confrontando-se com a própria dialética interior de cada um e na relação com os outros. Normalmente um analista experimentado é aquele que adquiriu uma verdadeira ciência da alma através da relação com seu próprio mundo interior. É lá que ele conhece na vida e na verdade o que é alma.” Leon Bonaventure, prólogo do livro Psiquiatria Junguiana de Heinrich Karl Fierz *
* quem quiser o texto me manda um email ta?