Clarice Lispector, em mais um de seus textos maravilhosos, refletiu sobre ‘se eu fosse eu‘…
Como Clarice, cada um de nós tem um ‘eu secreto’, que se ousássemos ser, quem seríamos? Sabe aquele eu que somos em pensamento, em ideia, em perspectiva? Aquele eu que sonhamos ser um dia… sabe? Aquela versão de você que só você conhece? Tenho uma cliente, por exemplo, que fala numa velhinha muito cool que ela será… e daí eu pergunto pra ela ‘e quem era essa velhinha cool aos 34 anos?’.
O problema é que a maioria de nós vive uma vida inteira projetando esse eu em sonho e pensamento e não o traz para a vida real. E ao invés desse ‘eu secreto’ funcionar como inspiração para nossos passos na vida, acaba funcionando como válvula de escape – um dia eu serei essa versão de mim e daí sim…. só que esse ‘um dia’ nunca chega – e nos deixa presos nesses eus que estamos no mundo; e que na maioria das vezes tem pouca sintonia com esse ‘eu secreto’ que um dia sonhamos ser.
Se não começarmos a ser esse ‘eu secreto’ hoje, e um pouco a cada dia, é fato que nunca viremos a sê-lo. Como no exemplo da minha cliente querida, como é que ela vai conseguir ser aquela velhinha cool que ela sonha ser, se o caminhar da vida que ela vem construindo tem estradas tão diferentes?
Como e porque isso acontece é tema complexo, para outros textos. Mas por hora, vale a reflexão: você já pensou nesse eu secreto que mora dentro de você? Sabe quem ele é? Então proponho o seguinte exercício, inspirada por Clarice Lispector e Bianca Santana: escreva um texto para você mesmo, começando com ‘Se eu fosse eu…’
No “Curso de Escrita para Mulheres” da Bianca, que participei em Julho desse ano e que todo mundo deveria fazer, uma das coisas que eu já sabia sobre meu eu secreto e que tive coragem de escrever para mim mesma foi… ‘Se eu fosse eu, escreveria….’