Jung fala em 6 dimensões do Ser. A inteireza do Self tem pilares. Eu e meu corpo. Eu e meu trabalho. Eu e minhas relações afetivas. Eu e minha família de origem e de destino. Eu e o mundo ao meu redor. Eu e a espiritualidade. Isso para falar de forma extremamente resumida e simplificada, porque neste post vou me concentrar na dimensão política do Ser – Eu e o mundo ao meu redor.
Jung fala que, principalmente a partir dos 40 anos – período que ele chamou de metanoia – há um chamado da psique que pulsa até o fim da vida, para sairmos cada vez mais dos nossos próprios umbigos e olharmos o mundo ao nosso redor. Nosso vizinho, nossa comunidade, nosso país, nosso planeta. Sim a dimensão do coletivo no qual estamos inseridos. Não há vida sem o exercício da comunidade.
Cresci numa família onde ler jornal e discutir as questões políticas e sociais sempre foi natural, parte da vida. Mas durante alguma parte da minha vida me ausentei desse debate. De cuidar dessa dimensão da minha vida de forma ativa. Sim também eu, em algum momento da minha vida, caí na falácia da espiritualidade tóxica, cool, que ‘está acima do debate político’. Eca!!
Até que veio a prisão do Lula. E naquele dia, depois de meses e meses de um conflito interno imenso e uma tristeza crescente durante todo o processo do impeachment da Dilma, a tristeza e a raiva que eu senti me fizeram questionar a minha posição política naquela história toda. Se sobre a minha posição íntima nunca pairou nenhuma dúvida sobre o golpe, por que então quem acessasse minhas redes sociais não conseguia ter clareza indubitável da minha posição política naquele momento tão importante quanto sério e triste da História brasileira?? Como chegamos até aqui? Por que a burguesia brasileira tem tanta raiva do Lula? Por que tanto egoísmo? O que estou fazendo a respeito? Martelava minha mente…
Essas perguntas me incomodaram MUITO. Sentei com elas. Me escutei.
E a partir dessas reflexões, decidi me posicionar publicamente de maneira mais clara, mais assertiva e objetiva, deixando absolutamente clara a minha posição política, meus pensamentos e considerações. Acho que estamos mesmo num momento deste planeta, desta civilização, em que o posicionamento claro é da máxima importância. Ainda que isso vá me custando relações ao longo do caminho, de verdade não me importo tanto assim, porque acho que não dá para vibrar em ressonância com todas as pessoas do planeta, ainda. Talvez quem sabe um dia cheguemos lá!
Só quando nos posicionamos com a clareza que o autoconhecimento e o contato com o Self permitem, damos a oportunidade de que outros seres que compartilham do mesmo sentimento ou pensamento não se sintam tão sós. Outros ainda podem parar para pensar em algo que eventualmente não tinham pensado e sei lá, crescer com isso? Debater e trocar ideias se faz urgente e necessário e para isso precisamos de seres que se posicionam. Com ideias, com respeito, com argumentos, com lado.. como disse uma mulher que eu admiro nessa vida, a Giuliana Bianconi, “a vida tem lado, gente!”.
E a paz que sinto em procurar cada dia maior transparência entre o que penso, sinto e sou é impagável. O caminho do autoconhecimento exige coragem. A consciência exige ação.
“Eu conheço as tuas ações e as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera que foras um ou outro, frio ou quente! Assim, porque és morno e nem és frio nem quente, te vomitarei da Minha boca!…”