Desejar algo é justo. Justíssimo, aliás. Mas quando nos apegamos àquele desejo como se a sobrevivência do nosso ser dependesse de que isso se realizasse, daí temos um ponto a olhar.
Um dia qualquer sentimos um desejo, algo que fala em nós. Seja por uma pessoa, uma relação, um objeto, um projeto, um bem, um x… Até o momento exatamente anterior não tínhamos aquele desejo. E essa ideia – o desejo – vai crescendo pouco a pouco dentro de nós. E de repente podemos passar a projetar a nossa vida em função daquele desejo, daquela oportunidade ou do que quer que seja que tenha despertado nossa atenção.
Em seguida, podemos ficar ansiosos, com a mente nesse lugar do desejo realizado, o futuro. Como se fosse nossa ‘varinha mágica’ para a felicidade e completude. Ai ai ai… E nos esquecemos de nós. De que temos uma vida inteira para além daquele desejo ou objetivo específico. Esquecemos de dividir nosso investimento energético e psíquico entre diferentes objetos de prazer e focamos apenas na tal ‘varinha mágica’…
Me reconheço um ser intensamente desejante. Em Montreal em 2016, em uma sessão com Mariette falamos sobre isso e de tudo que conversamos me ficou esse entendimento da fala dela: o desejo, a vontade, também são uma expressão da grande consciência. Você sente aquela expressão dentro de você e deseja. Isso não é o que aprisiona. O que aprisiona é sua reação ao resultado. Caso se realize como você deseja ou não.
Se aquilo que você deseja não se realizar e você aceitar, tranquila, sem reação, frustração ou raiva… então você é dona do que deseja. E é livre para expressar. Independente do resultado. Senti profundamente o que ela dizia!
E à medida que fui me tornando mais e mais consciente desse processo e sendo capaz de encontrar aquele lugar do abandono do desejo pelo resultado A ou B àquilo que desejava, mais e mais fui encontrando um sentido de leveza e liberdade de ser. É realmente incrível!
Perder o medo de ‘perder’ aquilo que desejamos é compreender que o sentido de ‘perder’ é um olhar condicionado para a vida. Como se tivéssemos sempre num jogo de ganhos e perdas. E viver não é isso. Viver é experimentar, explorar, sentir a vida. Se o desejo se desenrola em experiências A ou B está ótimo. É o que precisamos.
É um processo. É ampliação de consciência. É lindo!